Agentes prenderam Sérgio Côrtes, ex-secretário de Saúde, e mais dois empresários. Investigação apura fraude em licitações e também pagamento de propina ao ex-governador do RJ. Desvio chega a R$ 37 milhões.
Por Alba Valéria Mendonça e Fernanda Rouvenat, G1 Rio
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Agentes da Polícia Federal chegaram pouco antes das 6h desta terça (11) no prédio onde mora o ex-secretário Sérgio Côrtes, na Lagoa (Foto: Fernanda Rouvenat / G1) |
Agentes da
Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Receita Federal prenderam,
na manhã desta terça-feira (11), Sérgio Côrtes, ex-secretário de Saúde do
governo Sérgio Cabral, e os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita. A
operação, batizada de "Fatura Exposta", visa cumprir também dois
mandados de condução coercitiva e de busca e apreensão em vários endereços.
A operação
investiga fraudes em licitações para o fornecimento de próteses para o do
Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into). De acordo com as
investigações, quando era diretor do Into, Sérgio Côrtes teria favorecido a
empresa Oscar Iskin, da qual Miguel é sócio, nas licitações do órgão. Gustavo
Estellita é sócio de Miguel em outras empresas e já foi gerente comercial da
Oscar Iskin. A empresa é uma das maiores fornecedoras de próteses do Rio.
A operação
também apura desvios na secretaria estadual de Saúde, com o pagamento de
propina para o esquema criminoso comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral. O
esquema também envolveria pregões internacionais, com cobrança de propina de
10% nos contratos, nacionais e internacionais. Desse percentual, 5% caberia ao
ex-governador Sérgio Cabral, 2% ao Sérgio Côrtes, 1% para o delator Cesar
Romero, 1% para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e 1% para sustentar o
esquema.
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Sérgio Côrtes foi secretário de Cabral no RJ (Foto: Reprodução/TV Globo) |
As prisões
foram pedidas a partir da delação premiada de César Romero, que trabalhou com o
ex-diretor do Into, ex-secretário executivo de Côrtes na Saúde, e foi o
resposável por entregar todo o esquema. Na delação homologada pelo juiz Marcelo
Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, Romero diz que o desvio é de cerca de R$
37 milhões.
Outro delator
dessa fase é Vivaldo Filho, ex-funcionário dos irmãos Chebar. Ele disse que ia
com o Carlos Miranda (ex-assessor de Cabral) pegar e receber propina do esquema
de Cabral no endereço da Oscar Iskin.
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Policiais federais chegaram às 6h em condomínio no Humaitá para prender o empresário Miguel Iskin, sócio de da empresa Oscar Iskin (Foto: Alba Valéria Mendonça / G1) |
As empresas do
esquema atuariam de forma conjunta para, com aval dos envolvidos, para burlar a
competitividade das concorrências públicas e favorecer sempre a Oscar Iskin.
Côrtes entrou
como médico no Into em 1990 e de 2002 até 2006 foi diretor do órgão. Em 2007
ele passou a atuar como secretário de Saúde na gestão de Sérgio Cabral, onde
permaneceu até 2013.
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Policiais cumprem mandados de prisão e de busca e apreensão em vários endereços no Rio (Foto: Fernanda Rouvenat / G1) |
De acordo com o
Ministério Público Federal, no desenrolar das investigações no âmbito das
Operações Calicute e Eficiência, foi possível desbaratar a gigantesca
organização criminosa responsável por mais desvios milionários dos cofres
públicos dinheiro público do estado, cuja liderança é atribuída ao
ex-governador Sérgio Cabral.
Notificado
pelo TCE
Côrtes esteve
ao lado do ex-governador Sérgio Cabral durante toda a sua gestão. Ele aparece
na polêmica sequência de imagens em Paris do ex-governador e amigos num
restaurante com guardanapos na cabeça.
Em 2015, a CPI
da Máfia das Próteses na Câmara pediu que MP e PF aprofundassem investigações
sobre a Oscar Iskin.
Em dezembro do
ano passado, o Plenário do Tribunal de Contas do Estado (TCE) determinou a
notificação do ex-secretário Sergio Côrtes. Segundo o órgão, durante sua
gestão, pelo menos oito cooperativas foram contratadas pela secretaria com
dispensa de licitação e sem comprovação efetiva de prestação de serviços. O
valor do prejuízo, estimado pelo corpo técnico do TCE, é de R$ 600 milhões.
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